terça-feira, 10 de setembro de 2013

Tênis: As aventuras de Renata em Israel

                                                           A cidade de Jerusalém

Mais uma de minhas malucas viagens em busca de pontos no ranking mundial de tênis!


Aproveitando o clima do US Open e as grandes partidas de Serena Williams e Rafael Nadal, vou falar um pouco de uma de minhas viagens para torneios, quando resolvi jogar em Israel, Tel Aviv. Bom, a ideia de ir para Israel foi do mesmo treinador que me incentivou a ir para a Nigéria (isso tava óbvio, né...). E eu novamente logo aceitei a grande ideia.

De acordo com dados da Wikipédia, Israel é uma república parlamentar localizada no Oriente Médio, ao longo da costa oriental do Mar Mediterrâneo. O país é definido como um "Estado Judeu e Democrático" em suas Leis Básicas e é o único Estado de maioria judia do mundo. O centro financeiro de Israel é Tel Aviv, enquanto Jerusalém é a cidade mais populosa do país e considerada como sua capital (embora não seja reconhecida como tal pela comunidade internacional).

                                                           Vista da Orla em Tel Aviv

Apesar dos conflitos que existem na região, decidi correr atrás de pontos no ranking mundial no oriente médio...

Foi em 2007. Era uma época difícil, não tinham muitos torneios profissionais no Brasil e realmente era preciso viajar para longe para poder jogar. Mas, o nível dos torneios que o meu técnico da época imaginava que eu iria encontrar, acabou sendo mais alto do que esperávamos. Para começo de conversa, eu tinha que jogar qualifying (antes do torneio principal começar). Tinham muitas russas e tenistas do leste europeu. Imagina se o torneio estava fraco...

Enfim, vou começar pelo embarque. Lá estava eu mais uma vez sozinha com minha mala e raqueteira em busca dos tão preciosos pontos no ranking mundial. Meu voo era para Tel Aviv via Madrid. Depois, ainda tinha que ir para Barcelona para só então ir para Tel Aviv. Mas, acabei perdendo a conexão na Espanha. O resultado foi que tive que voar para a Itália para poder chegar em Israel e precisei trocar o bilhete para uma empresa aérea parceira da empresa espanhola Iberia (que antes estava programada para ir), a El Al, companhia aérea nacional de Israel.

Bom, chegando na Itália para pegar o voo na El Al, na entrada do guichê da companhia aérea, fui recebida por um policial armado. Ele me fez algumas perguntas interessantes. “Alguém te ajudou a preparar a mala? Alguém te deu um pacote ou presente para você levar para Israel? Pode ter algum explosivo nesse presente...”

                                    Mar Morto leva esse nome devido à sua grande quantidade de sal
              
Eu que moro no Brasil, acostumada com os problemas de assalto, fiquei meio assustada com essas perguntas, mas entendia a preocupação. Daí então veio uma entrevista com um funcionário da El Al. Ele não conseguia entender porque eu ia jogar torneios de tênis em Israel (nem eu entendia)... Mas, enfim, fui liberada para o check-in. Antes de entrar no avião, mais uma surpresa. Não queriam me deixar embarcar, porque meu nome não estava na lista prévia de passageiros (claro, tive que mudar de voo, porque tinha perdido a conexão). Mais uma entrevista com funcionários (também não conseguiam entender como alguém sai do Brasil sozinha para jogar torneios de tênis em Israel), mas no fim pude embarcar... Ufa... Mas, a minha mala só chegou em Tel Aviv depois de três dias...

                                                            Vista de Tel Aviv

Chegando em Israel, me surpreendi com a cidade. Realmente um país de primeiro mundo, muito desenvolvido, mas de sábado é tudo fechado (porque os judeus têm esse costume pela religião). As pessoas eram um pouco fechadas, mas sempre dispostas a ajudar. Eu achava que ia encontrar muitos judeus vestidos a caráter na rua como às vezes vemos aqui em São Paulo, mas quase não tinham pessoas assim.

O torneio era disputado num lugar com mais de 15 quadras, enorme. Future (torneio ITF de US$ 10 mil de premiação) feminino e masculino junto para dar uma animada no pessoal. Meus resultados foram bem ruins, não consegui pontuar (isso é ganhar jogos na chave principal) e só ganhei duas partidas de qualifying em três torneios. Uma droga. Mas, enfim essas coisas acontecem... 

                                                          Cidade antiga de Old Jaffa

Acho que essa foi a viagem que fiquei mais sozinha. Quase ninguém conversava comigo... Acho que eu também não falava muito, queria sempre ficar concentrada para os jogos (até demais...).  O único gatinho que eu consegui conversar um pouco foi um cara de Monte Carlo (eu sempre muito chique né...hehe). Eu, com o meu jeito romântico ingênuo, ficava esperando que ele me convidasse pra jantar ou tomar sorvete na praia e ele só me chamou para ir pro quarto dele. Fiquei chateada, pois na época a Europa nem tava em crise ainda (não tinha motivo para economizar)... Eu não aceitei, claro... E ele ficou indignado, porque sou brasileira, vocês acreditam nisso?

As russas e outras tenistas do leste europeu eram bem bonitas, mas não era todo o dia que elas lavavam o cabelo não... Um outro fato que me chamou atenção foi ver alguns desses tenistas (principalmente os homens) bêbados na entrada do hotel numa quinta-feira às 8h da noite, pode?

Como eu não consegui alguém para dividir o quarto (não sei se porque antes eu era mais antipática), na segunda semana fui para um hostel (em que você compartilha quartos com quem você não conhece). Agora, lembrando dessas coisas eu penso, como eu era maluca, não é? Esse hostel ficava próximo de um centro comercial que para entrar, sempre um guarda olhava dentro das bolsas para ver se não tinha nada suspeito... Medo...

A única coisa que me arrependo foi de não ter ido para Jerusalém. No dia em que a única menina que falava comigo ia pra lá eu resolvi treinar (infelizmente)... Apesar de parecer ser um lugar muito perigoso, me senti melhor do que em outros lugares considerados mais seguros...

                                                                   Old Jaffa

Durante a viagem, um dia fui passear em Old Jaffa (parte antiga da cidade com maioria árabe) para comprar umas lembrancinhas. Lá conheci com um árabe muito divertido que adorava o Che Guevara e me ajudou a comprar uma passadeira linda (tapete). Olha só essa oração que veio num chaveiro que eu comprei por lá:

Travelers Prayer
O Lord may your love protect me on my journey and guard me from perils on the way.
May I reach my destination in peace and fulfill my mission.
May I return to my home with joy and in peace.
Amen




E você já foi para Israel? Deixe seu relato! 

7 comentários:

Unknown disse...

Linda historia Re, pena vc ter ficado tão sozinha. Bj

Unknown disse...

Obrigada por ler! Sim, verdade! Bjs

Prof. Dr. Ludgero Braga Neto disse...

Muito legal a história!! Mais uma vez levando cultura através do Tênis!! Post interessante para os tenistas em transição para o Profissional: vida dura!!!

Unknown disse...

Sim verdade, é uma vida dura, mas para aguentar as partidas difíceis também precisamos aguentar as viagens longas. Obrigada por ler e comentar! Abs

Susan Joarlette disse...

Linda matéria! Você esta cada vez melhor...

Anônimo disse...

uau...nao tem coisa melhor do que fazer o que gostamos!!Parabéns pelas suas conquistas!
Tati

Unknown disse...

Obrigada, Tati! Bjs