A cidade de Jerusalém
Mais uma de minhas malucas viagens em busca de pontos no ranking mundial de tênis!
Aproveitando o clima do US Open e as grandes partidas de
Serena Williams e Rafael Nadal, vou falar um pouco de uma de minhas viagens
para torneios, quando resolvi jogar em Israel, Tel Aviv. Bom, a ideia de ir
para Israel foi do mesmo treinador que me incentivou a ir para a Nigéria (isso
tava óbvio, né...). E eu novamente logo aceitei a grande ideia.
De acordo com dados da Wikipédia, Israel é uma república
parlamentar localizada no Oriente Médio, ao longo da costa oriental do Mar
Mediterrâneo. O país é definido como um "Estado Judeu e Democrático"
em suas Leis Básicas e é o único Estado de maioria judia do mundo. O centro financeiro
de Israel é Tel Aviv, enquanto Jerusalém é a cidade mais populosa do país e considerada
como sua capital (embora não seja reconhecida como tal pela comunidade
internacional).
Vista da Orla em Tel Aviv
Apesar dos conflitos que existem na região, decidi correr
atrás de pontos no ranking mundial no oriente médio...
Foi em 2007. Era uma época difícil, não tinham muitos
torneios profissionais no Brasil e realmente era preciso viajar para longe para
poder jogar. Mas, o nível dos torneios que o meu técnico da época imaginava que
eu iria encontrar, acabou sendo mais alto do que esperávamos. Para começo de conversa, eu tinha que
jogar qualifying (antes do torneio principal começar). Tinham muitas russas e
tenistas do leste europeu. Imagina se o torneio estava fraco...
Enfim, vou começar pelo embarque. Lá estava eu mais uma vez
sozinha com minha mala e raqueteira em busca dos tão preciosos pontos no
ranking mundial. Meu voo era para Tel Aviv via Madrid. Depois, ainda tinha que
ir para Barcelona para só então ir para Tel Aviv. Mas, acabei perdendo a conexão
na Espanha. O resultado foi que tive que voar para a Itália para poder chegar
em Israel e precisei trocar o bilhete para uma empresa aérea parceira da
empresa espanhola Iberia (que antes estava programada para ir), a El Al,
companhia aérea nacional de Israel.
Bom, chegando na Itália para pegar o voo na El Al, na
entrada do guichê da companhia aérea, fui recebida por um policial armado. Ele me fez algumas perguntas interessantes. “Alguém te ajudou a preparar a mala?
Alguém te deu um pacote ou presente para você levar para Israel? Pode ter algum
explosivo nesse presente...”
Mar Morto leva esse nome devido à sua grande quantidade de sal
Eu que moro no Brasil, acostumada com os problemas de
assalto, fiquei meio assustada com essas perguntas, mas entendia a preocupação.
Daí então veio uma entrevista com um funcionário da El Al. Ele não conseguia
entender porque eu ia jogar torneios de tênis em Israel (nem eu entendia)...
Mas, enfim, fui liberada para o check-in. Antes de entrar no avião, mais uma
surpresa. Não queriam me deixar embarcar, porque meu nome não estava na lista
prévia de passageiros (claro, tive que mudar de voo, porque tinha perdido a
conexão). Mais uma entrevista com funcionários (também não conseguiam entender
como alguém sai do Brasil sozinha para jogar torneios de tênis em Israel), mas
no fim pude embarcar... Ufa... Mas, a minha mala só chegou em Tel Aviv depois de três dias...
Vista de Tel Aviv
Chegando em Israel, me surpreendi com a cidade. Realmente um
país de primeiro mundo, muito desenvolvido, mas de sábado é tudo fechado
(porque os judeus têm esse costume pela religião). As pessoas eram um pouco
fechadas, mas sempre dispostas a ajudar. Eu achava que ia encontrar muitos judeus
vestidos a caráter na rua como às vezes vemos aqui em São Paulo, mas quase não
tinham pessoas assim.
O torneio era disputado num lugar com mais de 15 quadras,
enorme. Future (torneio ITF de US$ 10 mil de premiação) feminino e masculino
junto para dar uma animada no pessoal. Meus resultados foram bem ruins, não
consegui pontuar (isso é ganhar jogos na chave principal) e só ganhei duas
partidas de qualifying em três torneios. Uma droga. Mas, enfim essas coisas
acontecem...
Cidade antiga de Old Jaffa
Acho que essa foi a viagem que fiquei mais sozinha. Quase
ninguém conversava comigo... Acho que eu também não falava muito, queria sempre
ficar concentrada para os jogos (até demais...). O único gatinho que eu consegui conversar um
pouco foi um cara de Monte Carlo (eu sempre muito chique né...hehe). Eu, com o
meu jeito romântico ingênuo, ficava esperando que ele me convidasse pra jantar
ou tomar sorvete na praia e ele só me chamou para ir pro quarto dele. Fiquei
chateada, pois na época a Europa nem tava em crise ainda (não tinha motivo para
economizar)... Eu não aceitei, claro... E ele ficou indignado, porque sou
brasileira, vocês acreditam nisso?
As russas e outras tenistas do leste europeu eram bem
bonitas, mas não era todo o dia que elas lavavam o cabelo não... Um outro fato
que me chamou atenção foi ver alguns desses tenistas (principalmente os homens)
bêbados na entrada do hotel numa quinta-feira às 8h da noite, pode?
Como eu não consegui alguém para dividir o quarto (não sei se
porque antes eu era mais antipática), na segunda semana fui para um hostel (em
que você compartilha quartos com quem você não conhece). Agora, lembrando dessas
coisas eu penso, como eu era maluca, não é? Esse hostel ficava próximo de um
centro comercial que para entrar, sempre um guarda olhava dentro das bolsas
para ver se não tinha nada suspeito... Medo...
A única coisa que me arrependo foi de não ter ido para
Jerusalém. No dia em que a única menina que falava comigo ia pra lá eu resolvi treinar
(infelizmente)... Apesar de parecer ser um lugar muito perigoso, me senti
melhor do que em outros lugares considerados mais seguros...
Old Jaffa
Durante a viagem, um dia fui passear em Old Jaffa (parte antiga
da cidade com maioria árabe) para comprar umas lembrancinhas. Lá conheci com um
árabe muito divertido que adorava o Che Guevara e me ajudou a comprar uma
passadeira linda (tapete). Olha só essa oração que veio num chaveiro que eu comprei
por lá:
Travelers
Prayer
O Lord may
your love protect me on my journey and guard me from perils on the way.
May I reach
my destination in peace and fulfill my mission.
May I
return to my home with joy and in peace.
Amen
E você já foi para Israel? Deixe seu relato!
7 comentários:
Linda historia Re, pena vc ter ficado tão sozinha. Bj
Obrigada por ler! Sim, verdade! Bjs
Muito legal a história!! Mais uma vez levando cultura através do Tênis!! Post interessante para os tenistas em transição para o Profissional: vida dura!!!
Sim verdade, é uma vida dura, mas para aguentar as partidas difíceis também precisamos aguentar as viagens longas. Obrigada por ler e comentar! Abs
Linda matéria! Você esta cada vez melhor...
uau...nao tem coisa melhor do que fazer o que gostamos!!Parabéns pelas suas conquistas!
Tati
Obrigada, Tati! Bjs
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